quarta-feira, 11 de junho de 2008

Quem guardará os guardiões?

por diego sieg



Neste instante, isso mesmo, exatamente neste segundo, provavelmente algumas dezenas de milhares de pessoas no mundo efetuam uma transação financeira através de seus cartões de crédito e débito. Junto a isso, o mercado de ações -- concentrado em diversas bolsas de valores mundiais --, o fluxo de capital on-line (e-commerce) e as transações bancárias cotidianas, como um depósito, um saque ou uma transferência de valores são outros exemplos simples de estruturas econômicas complexas projetadas e administradas às luzes da tecnologia, sobretudo da cibertecnologia. Portanto, idéias de sociedade em rede e aldeia global, pensadas pelo sociólogo espanhol Manuel Castells e pelo filósofo canadense Marshall McLuhan respectivamente, tornam-se mais do que evidentes em nossos dias. Afinal, há aproximadamente 25 anos, construímos de maneira pseudo-voluntária uma realidade globalizada em questões sociais, econômicas e culturais. Transformando-nos em uma “pequena ilha gigante”, habitada por diferentes espécies animais, naturais e bytes, dentro de uma imensa e complexa galáxia – A Galáxia da Internet.

Vamos ao que nos interessa. Durante o ano de 2006, quando realizava o meu trabalho de conclusão de curso na faculdade, veio-me à cabeça um questão preocupante e ao mesmo tempo instigadora: A Internet consolidaria o sistema capitalista ou o mandaria para o ralo? Bom, longe de profecias, mas carregado da influência dos livros e artigos que lia na época, perdi horas de sono refletindo sobre isso e, agora, gostaria que vocês também perdessem algumas. (risos)

Como todos sabem, a Internet nasceu de um projeto do governo norte-americano durante a Guerra Fria. Porém, mesmo tendo sua origem em um sistema fechado, a rede nunca possuiu uma estrutura semelhante. Muito pelo contrário, o espírito anarquista habita o ciberespaço desde o seu nascimento. Este fato deve-se às características da complexa estrutura que forma a Internet e ao padrão comunicacional inovador emergido dela – o sistema todos para todos. Na década de 1990, a Internet ganhou as graças da população física e comercial e a partir de então tornou-se o fenômeno que conhecemos hoje. Afinal, quem de nós atualmente consegue viver sem estar pelo menos por poucos minutos on-line na rede?

Bom, voltando a questão central deste post... Não sei se todos sabem, mas por trás de todo este avanço tecnológico existem algumas personagens principais, que aqui no Brasil foram classificadas como Ciber-Rebeldes pelo pesquisador André Lemos. Sim, quem fez e faz a Internet e os microcomputadores evoluírem a cada segundo são os famosos e temidos hackers, crackers, phreakers, cypherpunks e companhia. Vale complementar que não devemos generalizá-los, pois cada um deles possui características distintas tanto nas ações como em suas ideologia de vida, ok? (Ah, quem tiver interesse em conhece-los mais a fundo é só deixar um comentário no post, que enviarei por e-mail a minha pesquisa monográfica sobre o assunto, ok?).

Após pesquisar muito sobre o tema e discutir com minha amiga Tatiane Domiciano sobre a frase do livro Fortaleza Digital, de Dan Brown, “Quem guardará os guardiões?”, cheguei a uma conclusão um tanto quanto assustadora. (musiquinha de suspense!rsrsrs)... Atualmente, praticamente todas as grandes empresas, principalmente aquelas voltadas ao sistema de capitais, mantêm em suas estruturas um verdadeiro exército com as melhores cabeças do mundo nessa área. Esses heróis guardiões recebem muitas vezes salários exorbitantes e são quase que deuses dentro do templo capitalista. Porém, agora fica no ar aquela dúvida cruel: Até quando estes homens estarão felizes com tanto dinheiro? Eles nunca irão se rebelar contra o sistema? Seja por ideologia, loucura ou coisa que o valha. Afinal, estes poucos homens possuem a faca e o queijo na mão para arruinar o tão promissor capitalismo on-line ou digital. Pense bem, eles possuem conhecimento suficiente para poder apagar todos os dados do mercado financeiro em poucos segundos. Imagine só o desastre que seria para uma empresa de cartões de crédito ou para um banco perder um dia inteiro de movimentações financeiras. Seria um verdadeiro colapso e o sistema entraria nunca crise sem precedentes. Não acha?

Bom, particularmente, eu ainda acredito em uma frase que ouvi há muitos anos: “A verdadeira revolução não será transmitida pela TV”. (mais risos, agora com aquele ar totalmente sarcástico). Sim, tudo leva a crer que os revolucionários do século XXI serão estes sujeitos treinados e bem pagos pelo próprio sistema capitalista e que a futura revolução será totalmente invisível. Portanto, prepare-se pois dentro de alguns anos, ao acordar pela manhã o seu mundo será outro.